Por Riccardo Rambo (Riccardo de Barros)
No
ano que completo 20 anos como personal trainer (2014) dos mais variados tipos
de alunos (e em 8 cidades do mundo), fechei os meus olhos por um breve instante
e tentei pensar nas 20 primeiras coisas que me viessem a cabeça sobre o que eu
acertei e aprendi. Os itens não estão em nenhum tipo de ordem ou importância. E
também não são nenhum tipo de receita. O contexto pode ser diferente, exigindo
adaptação.
1. O
stress.
Me
tornei um expert em stress crônico. Li tudo o que encontrei nos últimos 16
anos. Sei medir, avaliar e dar orientações sobre como gerenciar o mal do mundo
atual na qualidade de vida. A porta de entrada desse entendimento foi o livro
"Inteligência Emocional", de Daniel Goleman. O stress é um grande
responsável pelo anabolismo. Saber o nível de stress do seu aluno vai ajudá-lo
a manipular de forma eficiente as variáveis de treinamento.
2.
Sono.
Saiba
se o seu aluno possui débito de sono. Isso vai mudar como você programa o treinamento,
diminuindo principalmente o aspecto quantitativo da carga de treinamento e
enfatizar a recuperação. Em 2000 quando falava que falta de sono fazia com que
a pessoa perdesse músculo e força e, engordava, era taxado como louco.
3.
Agachamento taça.
Se o
agachamento é um exercício básico no treinamento de força, o agachamento
"taça" ("goblet squat") é a versão mais multifuncional e
segura que existe. Corrige postura, diminui a sobrecarga na coluna (comparado
com o tradicional barra nas costas), trabalha mobilidade e flexibilidade, entre
outros.
4. Romeno
unilateral.
Já
disse em curso que daria o nome de levantamento terra romeno unilateral a um(a)
filho(a) de tão fantástico que este exercício é. Não preciso dizer muito, é
tridimensional e neuromiofascial. Trabalha ao mesmo tempo a linha posterior
superficial, linha funcional e linha espiral dos trilhos anatômicos. Ativa os
músculos do core, panturrilha, isquiotibiais, glúteo e paravertebrais. Pensou
em treinamento funcional, pensou em romeno unilateral.
5.
Selecionar alunos com personalidade semelhante.
Isso
me ajudou a entregar um serviço de melhor qualidade porque eu
"entendia" mais sobre a necessidade do aluno. E particularmente, não
consigo trabalhar com pessoas que não admiro por algum mínimo motivo que seja.
Já evitei alguns políticos e "celebridades" por isso. Mas não me
arrependo nem um pouco.
6.
Errar pra menos.
Erre
para menos na elaboração de treinos dos alunos nos casos de início ou retorno
aos exercícios, limitações e doenças, dia estressante ou agitado, falta de
sono, ida ou retorno de viagem, idoso, criança, falta de concentração, dietas
muito restritivas, dias importantes (reunião, casamento). As adaptações
fisiológicas precisam de tempo. Não adianta acelerar este processo.
7.
Regra de 3.
Minha
regra de 3 para "periodização" de alunos de personal é que, no
máximo, após 3 cargas altas (não importa se optou por sessões de treino,
microciclos ou mesociclos), a próxima carga deve ser baixa. Isso fará com que
seu aluno esteja sempre em um equilíbrio entre estímulo e recuperação.
8.
Não ter vergonha de cobrar um preço justo.
Demorei
pra aprender isso. Você será o prestador de serviço mais importante em toda a
vida do seu aluno. Cobre! Mas certifique-se que está "entregando" o
que o serviço vale é o que foi pago. E seja justo!
9.
Saber conversar sobre assuntos variados.
É
provável que seu aluno passe mais tempo com você do que qualquer outra pessoa
no dia. Seja interessante, uma pessoa que o aluno goste de conversar. Aprenda
um pouco sobre o que ele gosta. E se mantenha atualizado com as notícias do
mundo. Recomendo o site uol para isso.
10.
Pontualidade.
O
professor Fabio Saba me deu uma verdadeira lição sobre pontualidade e possui um
excelente texto sobre este assunto. Além de respeito, acho que é o mínimo que
um profissional pode oferecer. Afinal, ninguém tem tempo a perder (Ou, tempo é
dinheiro!).
11.
Estudar, estudar e estudar.
Me
apaixonei pela educação física na faculdade. Ler qualquer coisa sobre isso
sempre foi muito bom. Frequentava a biblioteca quase todos os dias e, no dia da
prova, era um dos poucos ausentes. Eu já tinha estudado tudo ao longo do
semestre.
Mais do que se esforçar para estudar, aprendi como o cérebro aprende. Sendo professor de ensino primário, médio, graduação e pós-graduação, estudei o processo de aprendizagem para que minhas aulas fossem mais aproveitadas. E acabei utilizando este conhecimento para mim. Neurociência é extremamente interessante. E estudando do jeito certo, você terá uma vantagem no mercado de trabalho e poderá dar treinos mais eficientes e seguros.
Mais do que se esforçar para estudar, aprendi como o cérebro aprende. Sendo professor de ensino primário, médio, graduação e pós-graduação, estudei o processo de aprendizagem para que minhas aulas fossem mais aproveitadas. E acabei utilizando este conhecimento para mim. Neurociência é extremamente interessante. E estudando do jeito certo, você terá uma vantagem no mercado de trabalho e poderá dar treinos mais eficientes e seguros.
12.
Objetivo a longo prazo.
O
conhecimento atual de adaptação biológica e "periodização" nos dá
claramente a direção que o processo de treino, os efeitos de treinamento e por
fim a adaptação, precisam de tempo para se manifestarem. Atropelando este tempo
você terá um resultado rápido. Mas isso custará, além do desgaste do organismo,
melhoras posteriores de rendimento. É hoje em dia um dos erros mais graves nas
"novas tendências de treinamento" e no entendimento do que seria
realmente "periodização". Vejo todos os dias coisas como
"melhorando sempre", "intensidade alta todos os dias"...
Raramente meus alunos terráqueos conseguem isso.
13.
Segurança antes de resultado.
Este
é uma diretriz, um princípio do meu trabalho como personal trainer. Não faço e
não oriento absolutamente nada que possa prejudicar a segurança, saúde e
integridade física dos meus alunos. Posso ser "dispensado" pelo meu
treino não estar dando o resultado esperado, mas não porque meu treino causou
um problema. Uma das únicas vezes que não segui este princípio e "caí"
na ansiedade do aluno por resultado, o aluno teve uma entorse. Não valeu a
pena.
14.
Perdigueiro.
Stuart
McGill é o responsável por gostar muito desse exercício para o "core
posterior" (região lombar, paravertebrais). Relativamente fácil e
extremamente seguro. Um exercício que ativa e treina os músculos que
estabilizam a coluna sem provocar altas cargas de compressão ou cisalhamento.
Perfeito para a manutenção da saúde no dia a dia. Pode prevenir lombalgias.
Para treinar a endurance neste exercício, prefiro aumentar as séries de 8 segundos do que aumentar este tempo. 8 segundos é o tempo onde não ocorre oclusão vascular, não diminuindo a circulação de sangue nessa região.
Para treinar a endurance neste exercício, prefiro aumentar as séries de 8 segundos do que aumentar este tempo. 8 segundos é o tempo onde não ocorre oclusão vascular, não diminuindo a circulação de sangue nessa região.
15.
Professor.
Junto
do treinador, o professor esteve sempre presente. Os alunos não sabem
absolutamente nada de atividade física, e o pouco que ouviram falar, são as
besteiras, mentiras e mitos da mídia e Instagram. Então sempre procurei
explicar tudo: o que o aluno está fazendo, o porquê, onde e quem pesquisou o
que ele está fazendo, a história do exercício ou do método, o que ele não pode
fazer antes/durante/depois do treino e etc. Este é princípio pedagógico da
conscientização. O aluno estando consciente do que está fazendo ajudará você e
otimizará o treino.
16.
Educação.
Pelo
menos durante a aula, sempre me considerei um prestador de serviço. Naquele
momento, mesmo que seja um amigo ou parente, o aluno é meu cliente. Procurei
sempre me comportar educadamente em sua presença, evitando brincadeiras,
principalmente quando a aula é na casa do aluno. Vi muitos
"personais" se comportarem como amigos e, pra quem está observando
"de fora" e não conhece essa relação, não "pega" muito bem.
17.
Ser otimista, mas sincero.
Se
o cliente quer o resultado "pra ontem" ou quer virar o Stallone da
noite pro dia, vai escutar um "não será possível". Mas também vai
escutar que é possível melhorar muito sua condição física, performance ou
composição corporal. Melhorar até um ponto que, estabelecendo metas a logo
prazo, até aquele desejo inicial possa ser alcançado.
Mas sou geralmente muito otimista com os resultados que o aluno pode alcançar. Torço por ele. Sempre motivando e dando as orientações e acompanhamento necessário para a realização do seu sonho. É claro, deixando sempre claro o esforço, mudança de hábitos e perseverança que serão necessários.
Mas sou geralmente muito otimista com os resultados que o aluno pode alcançar. Torço por ele. Sempre motivando e dando as orientações e acompanhamento necessário para a realização do seu sonho. É claro, deixando sempre claro o esforço, mudança de hábitos e perseverança que serão necessários.
18.
Ser exemplo.
Aqui
eu dou um exemplo seguindo outro. Existe uma história onde uma mãe procura
Gandhi para dizer ao seu filho que não coma açúcar. Gandhi pede para a mãe e o
filho retornarem em uma semana. Após este tempo eles retornam. Gandhi se dirige
ao filho e diz: Não coma açúcar!
Para dar o conselho, o Mahatma teve que deixar de comer açúcar.
Em relação a qualquer orientação que eu possa dar a um aluno, eu mesmo fiz ou testei. E estou sempre de um jeito ou outro me exercitando. Faço o que eu quero que o meu aluno faça.
Para dar o conselho, o Mahatma teve que deixar de comer açúcar.
Em relação a qualquer orientação que eu possa dar a um aluno, eu mesmo fiz ou testei. E estou sempre de um jeito ou outro me exercitando. Faço o que eu quero que o meu aluno faça.
19.
Aprender com o erro dos outros.
Não
perco uma chance para aprender. E sou um grande observador. Seja em qualquer
lugar quando um cliente reclama de um serviço ou quando escuto uma história
sobre alguém falando mal de um prestador de serviço, penso rapidamente em duas
coisas: se é possível acontecer isso na minha própria prestação de serviço e,
se eu faço isso. Se a resposta for sim, dou um jeito de consertar este erro o
mais rápido possível. Um exemplo foi quando uma aluna veio me falar do
desodorante de um determinado professor. Pronto. Foi o suficiente para que eu
experimentasse várias marcas e tipos de desodorante para descobrir qual era o
mais adequado.
20. Força.
Para
qualquer aluno e em qualquer situação, sempre dei prioridade para o
desenvolvimento da força. E desde os anos 90 com a famosa pesquisa da Maria
Fiatarone (você ainda não leu sobre o treinamento que aumentou em mais de 100%
a força em nonagenários?!?!?!), a ciência prova categoricamente que estava
certo. E nos esportes, desde aquele inverno onde Yuri Verkhoshansky levou os
seus atletas para um corredor e "descobriu" barras e anilhas num
canto qualquer, a força é a condição para a aquisição da maestria esportiva e
níveis de performance máximos.
É claro, são diferentes capacidades de força desenvolvidas com diferentes métodos. Mas é o bom e velho treinamento de força!
É claro, são diferentes capacidades de força desenvolvidas com diferentes métodos. Mas é o bom e velho treinamento de força!
3 comentários
Leio e releio essa postagem no facebook do professor desde 2015, pelo menos, uma vez por mês. Já pensei até em imprimir e colocar na porta do armário! Estou terminando a graduação e dando o pontapé inicial na carreira. Os 20 ítens são mais que orientações, são a base de atendimento ao nosso cliente! Obrigada prof. Hugo, por deixar registrado aqui no blog!
Agradeça ao prof Riccardo Rambo que autorizou. Agora está indexado no google por todos os séculos dos séculos, AMEM! Hahaha
Agradeça ao prof Riccardo Rambo que autorizou. Agora está indexado no google por todos os séculos dos séculos, AMEM! Hahaha
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