Um dos grandes dilemas éticos no esporte hoje em dia tem a ver com o controle antidopagem e a obrigatoriedade ou não de realização de testes em atletas. Nesse contexto, temos duas grandes vertentes dentro do powerlifting: federações que obrigam seus atletas a fazer teste antidoping (ou até organizam campeonatos próprios para isso) ou federações que simplesmente não fazem qualquer controle antidopagem. Cada uma delas tem suas próprias justificativas:
A primeira clama por uma situação de “igualdade” entre os atletas e que todos competem em condições farmacológicas iguais. Essas federações punem seus atletas flagrados com substâncias proibidas em testes antidopagem. Resumidamente, tiram a liberdade individual do atleta em usar substâncias onde é sabido dos riscos e benefícios do seu uso. Fazendo um paralelo com pessoas comuns, é como se você fosse penalizado por comprar e fumar um cigarro sabendo existam substâncias que causam câncer. Ou seja, situações como essa transformam o atleta em uma vítima de um sistema opressor que diminui suas liberdades individuais apenas pela justificativa de “igualdade de condições” entre os competidores. Esse sistema ditatorial acaba sofrendo uma série de fraudes: sejam por atletas fraudando exames das mais diversas formas ou sejam as próprias federações vendendo testes negativos (chocado? bem vindo ao mundo real onde dinheiro e acordos compram TUDO).
A segunda situação mostra o oposto disso pois o atleta não tem obrigação nenhuma em provar que tipo de substâncias utilizou ou não e cabe a ele julgar se deve utilizar tais substâncias e saber dos riscos e benefícios, ou seja, a liberdade do atleta é preservada e ninguém ganha dinheiro em esquemas fraudulentos de venda de resultados negativos. Ou seja, a situação é sincera: quase todos utilizam e todos competem, verdadeiramente, em igualdade de condições.
Porém, existem algumas situações específicas em poucas federações (e a IPL é uma delas) onde o atleta compete normalmente ao lado de pessoas que não são obrigadas a fazer teste antidoping mas ele pode solicitar um exame para provar que estava limpo. Percebam a diferença dessa situação em comparação a qualquer outra:
- Sou EU quem quero provar que estou limpo.
- Não me importa se os outros estão. Afinal, estou competindo com uma barra não com uma pessoa.
- O desejo em provar que não usei substâncias proibidas, pagar o teste (US$ 67,00) e fazer já demonstra uma enorme tendência per se que eu não utilizei qualquer substância que consta na lista de proibidas.
Vejam as imagens abaixo:
Como podem ver, esse é o resultado do meu teste antidoping realizado no campeonato mundial da IPL em 2015 onde ganhei a medalha de ouro. Ganhei da maneira “honesta” que as federações com antidoping exigem. Escrevo honesta entre aspas pois não vejo no uso de sustâncias análogas de testosterona um “roubo”. Só quem convive com a dor crônica de um treino em altíssima intensidade sabe o quão sofrido se torna uma preparação competitiva nesse nível. Sobre o teste, foi colhido pelo presidente da federação, preenchido, selado e lacrado na minha frente e na frente do meu médico o Dr. Carlos Daniel Llosa e seria enviado no dia seguinte ao laboratório pelos correios (competi em um domingo) e o resultado chegaria por email ao presidente em 5 dias úteis (como, de fato, aconteceu).
Eu termino esse texto dizendo que, provavelmente, essa não será a última vez que me submeterei a um teste antidopagem. Porém, quando farei novamente será exclusivamente de minha escolha. Uma escolha na qual eu sou LIVRE para decidir e LIVRE para querer me submeter novamente. Difícil tanta liberdade assim nessas bandas ditatoriais/populistas da América do Sul, né?
1 comentário
Que pena que nem todos tenha esta conciência
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