Vivemos em um mundo paradoxal. De
um lado, a formolatria impondo cada vez mais que os corpos, tanto os masculinos
quanto femininos devam ser bem esculpidos por horas em sessões de academia para
que a muscularidade seja aparente e que, essaa forma seja inatingível para
grande maioria da população para que isso dê margem a criação de uma poderosa
indústria do fitness e wellness.
A partir desses conceitos,
métodos de treino, marcas de roupas, aparelhos de musculação (ou a falta deles)
são criados e pipocam quase diariamente como a “nova” onda do momento. Pra isso
se usam diversas estratégias: redes sociais para se atingir melhor a geração X,
superficialidade de conteúdo disfarçado sob a bandeira da “simplicidade” e
“desburocratização” de métodos de treinamento e, o mais perigoso, manter os
adeptos quase que sob um rito religioso, onde qualquer questionamento do método
é visto como uma heresia pelos demais. O aluno deve, cegamente, crer que aquele
método é superior aos demais. Isso significa que deve consumir os produtos que
a metodologia recomenda, tomar os suplementos que eles sugerem, ou seja, ser um
fiel seguidor de tudo que a “seita” recomenda
para ser um belo exemplar do seu estilo de vida condicionado, apesar da mínima
falta de reflexão sobre o termo condicionamento. Quem é condicionado, é
condicionado A ALGUMA COISA E ESPECIFICAMENTE A ESSAS HABILIDADES (principio do
treinamento desportivo, conceito básico que o pior aluno de educação física no
pior curso de graduação do Brasil teve).
O pior disso tudo não é essa
falta de crítica sobre o modelo adotado. A coisa piora quanto mais longe o
“atleta” evolui. Os métodos baseados em “seitas” como essas, despersonificam o
indivíduo. Ou seja, ele passa a ser apenas um instrumento padronizado de um
conceito de uniformização de massas. Além do sujeito usar o mesmo corte de
cabelo, roupas, marcas e suplementos (quem olha rapidamente uma foto, parece um
bando de clones enfileirados), esses tipos de metodologia de treino padronizam
as capacidades físicas individuais dos seus praticantes ignorando outro
princípio de treino: a INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA.
O aluno possui resistência
aeróbia diferenciada: ERRO. Sinta-se culpado por isso! Você TEM que praticar
exercícios de força (dane-se sua enorme quantidade de enzimas oxidativas e sua
predominância de fibras do tipo I). Você é fora do padrão. Deve tentar, a todo
custo, se encaixar no padrão para ter aceitação dos demais e o reconhecimento
do seu treinador.
E se o aluno é forte então?? PUNIÇÃO!!! Vá correr, nadar e subir e descer escadas até adquirir resistência aeróbia! Você deve sentir CULPA e VERGONHA por ser tão forte. Seus 200 quilos de terra são vergonhosamente altos (200kg é muito peso?? Fala sério... eu aqueço com 50 quilos a mais que isso).
“Treinar onde você é bom é fácil,
quero ver melhorar sua dificuldade.” Já ouviram essa frase? Eu já. Conseguem
perceber o quão grande é o erro conceitual de uma frase como essa? Se fosse
assim, powerlifter não precisava treinar. Ele já é bom em força. Pra que aumentá-la?
Pra ser MAIS FORTE?? Pra quebrar recordes mundiais?? Pra atingir o alto nível
no esporte?? Essas são apenas algumas respostas pra essa pergunta.
Treinar força encontra
preconceitos e barreiras. Seja ela física, como falta de equipamentos e estrutura
adequadas (o famoso chão de porcelanato na academia que não permite que se faça
um terra pois não se pode quebrar o chão pra treinar, né?) até a falta de pesos
e segurança adequada (fala sério.. anilhas de perfil largo que só cabem 220
quilos numa barra é ridículo, né?). Tudo isso serve pra um propósito: NÃO
DESENVOLVA sua força. Sinta VERGONHA dela. Não QUEREMOS pessoas fortes aqui.
Porém, as pessoas fortes existem.
E elas QUEREM e VÃO desenvolver a força. VÃO chegar onde querem. Sabe por que?
Porque a gente não tem mais vergonha da rejeição social que isso causa. Nós não
nos importamos mais com o que as pessoas acham sobre nossa força. Nós não
treinamos mais pra AGRADAR ninguém. Treinamos pra NÓS MESMOS apenas. Não
dependemos mais de métodos da moda, de academias, de estruturas. Nós montamos
nossas pequenas salas de treino dentro de nossas casas ou em garagens,
COMPRAMOS nossos equipamentos, PLANEJAMOS nossos treinos e vivemos A MARGEM do
que o conceito tradicional de academia nos impõe. E sim, sentirmos ORGULHO
disso.
Somos fortes. E seremos mais
fortes amanhã e não ligamos a mínima pro seu julgamento. Na verdade, a gente da
risada dele entre uma série e outra de um agachamento de mais de 200 quilos..
pois 200 quilos a gente faz em treino e nem filma pra colocar no instagram pois
isso é a nossa ROTINA.
Sobrevivemos durante TODA história da humanidade. E não será um grupinho de empresários que irá nos derrubar. Continuaremos FORTES e PRESENTES
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