Quando o exercício realizado tem um componente excêntrico, especialmente quando o indivíduo não é acostumado à intensidade e duração da atividade, ocorre dano muscular microscópico. Esse dano está associado ao desenvolvimento da elevada atividade sérica de creatina quinase, edema, dor e movimento restrito durante 48 horas após a atividade. Originalmente, essas condições recebem o nome de dor muscular tardia. Entretanto, pesquisas realizadas desde 1980 têm indicado que o dano muscular que acompanha essa dor tardia pode ser muito severo, induzindo uma resposta imunológica, aumentando o cálcio liberado para o músculo, que pode ativar muitas enzimas de degradação protéica e exacerbar o microtrauma do músculo esquelético. Os eventos bioquímicos que acompanham essas respostas provavelmente induzem a uma inflamação e à dor. Resumindo, a dor muscular tardia é um nome não específico para essa condição e a expressão “dano muscular” induzido pelo exercício tem sido mais aceita.
A figura abaixo mostra uma microscopia eletrônica de um músculo esquelético lesado. A falta de continuidade das linhas Z denominada linha Z sinuosa é provavelmente resultado da destruição de proteínas que estabilizam as moléculas de actina e miosina nas proteínas da linha Z. Depois de aproximadamente 12 horas, ocorre infiltração de macrófagos e linfócitos na região lesada do músculo. Acredita-se que a liberação de substâncias químicas para a resposta imunológica é responsável pelos sintomas de edema e de dor e que o influxo de cálcio dentro das células lesadas pode ativar enzimas que degradam proteína e, assim, acentuam o dano muscular.
Clarkson e Tremblay têm documentado que a recuperação de uma série simples de exposição a contrações excêntricas protege o músculo da mesma lesão, durante a segunda série de contrações excêntricas. Essa adaptação rápida à contração excêntrica é extraordinária; entretanto, ainda são desconhecidos os eventos celulares e as mudanças que provocam essa tolerância.
REFERÊNCIA:
ROBERGS, ROBERT A.; ROBERTS, SCOTT O. Princípios fundamentais da fisiologia do exercício para aptidão, desempenho e saúde. 1° ed. São Paulo: Phorte Editora, 2002.
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